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terça-feira, 1 de julho de 2008

IDENTIDADE DO CRESCIMENTO DA IGREJA

"A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número" (Atos 9. 31).
Pastores e líderes leigos das mais variadas denominações dos dias modernos passam maior parte do tempo preocupados com o crescimento numérico da Igreja.
Isso tem feito tais líderes assumir uma postura diferente quanto à administração do tempo e do cuidado pastoral, pois o tempo de que dispõem já não mais será, necessariamente, utilizado para o acompanhamento das dificuldades da ovelha, mas para aprimorar técnicas de crescimento, com sustentáculos nas leis de consumo de massa.
O historiador Lucas nutria grande admiração por Paulo, a ponto de fazer minucioso registro de seu ministério entre os gentios.
Em Atos 9 ele registra o conversão de Saulo, sendo que Atos 9. 31 é um sumário do momento histórico da Igreja recém-organizada por Jesus e administrada pelos apóstolos. A pergunta que levantamos é: O que levou a igreja a ter paz naquele período, conforme a descrição do texto? Há duas respostas: 1. O maior perseguidor e perturbador da ordem tinha acabado de se converter ao cristianismo e, como era de se esperar, a Igreja começou viver não só um momento de trégua, mas também de crescimento. 2. O imperador romano Calígula (37-41 DC) resolvera colocar uma imagem sua em Jerusalém e acabou distraindo a atenção dos judeus que, por causa disso, deixaram de perseguir os cristãos.
Você deve notar que neste período a igreja aproveitou seu momento de paz e avançou na evangelização do mundo gentílico, a começar pela conversão de Cornélio (Atos 10).
No sumário do crescimento da Igreja, Lucas elenca pelo menos cinco características que colocamos como as cinco características da IDENTIDADE DO CRESCIMENTO:
"a igreja tinha paz..."
1. PAZ
Agora livre da interferência de Paulo que, de perseguidor passa à posição de perseguido e, igualmente do imperador Calígula; o povo teve paz. As posturas bíblicas que devemos tomar em favor da harmonia no corpo de Cristo são preceitos que envolvem cada crente na luta pela paz. Em Rm 12. 18 Paulo diz: "se possível, quando depender de vós, tende paz com todos os homens". É certo que os quebradores da harmonia estão sempre de plantão. São os que tem sempre uma nova crítica a fazer, porém nunca uma nova ação a efetuar. Com resquícios da natureza pecaminosa, temos o defeito de valorizar algo apenas quando ele está longe do alcance. É assim com este fruto do Espírito chamado paz (Gl 5. 22), o valorizamos apenas quando o ambiente passou da harmonia a angústia e feridas causadas pelas ofensas mútuas.
Deve haver esforço continuado para que a paz seja sempre presente. Paulo diz: "esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito, no vínculo da paz" (Ef 4. 3). Diligência aponta para um cuidado ativo e perene em favor da unidade pelo vínculo da paz.
"edificando-se..."
2 - FORÇA
No período de paz registrado por Lucas, a Igreja também consolidava o cristianismo através da força mútua. É dito que a igreja se edificava. Como nos edificar mutuamente? Olhe para Efésios 4. 16: "de quem todo corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio crescimento para a edificação de si mesmo em amor". A edificação que consolida o nome de Cristo e sua obra no mundo, virá apenas pela cooperação entre as partes. A edificação ocorre num ambiente de amor que, conforme a linguagem de Paulo, é o vínculo da paz (Ef. 4. 3).
Não pode haver força onde não existe a preocupação com o crescimento espiritual. Veja que Paulo também utiliza os dons para serviço no desemprenho da edificação (1 Co 12 e 14) e, sem o desempenho dos dons, jamais teremos uma igreja madura e consolidada. Crentes mente vazias representam um sinônimo de uma igreja anêmica, cujo nome de Cristo será sempre pisoteado pelos homens, por causa de uma representatividade fraca.
Qual é a outra maneira para a facilitação da edificação? Ela também ocorre pelo uso equilibrado das palavras. Paulo diz: "não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem" (Ef 4. 29). A palavra torpe, no texto original transmite a idéia de um peixe em estado de putrifação. Assim é a palavra dita sem cuidado. Quando a palavra edifica? 1. Quando ela é necessária; 2. Quando transmite graça. Uma coisa depende da outra, ou seja, uma palavra só vai transmitir graça se for proferida oportunamente, por que não podemos ter a petulância de dar uma palavra sem que alguém a tenha solicitado. A palavra que edifica é a que proferimos oportunamente e sabiamente.
"caminhando no temor do Senhor"
3. SANTIDADE
Temor reverente era a característica da devoção do povo no período indicado por Lucas em Atos 9. 31. Esta é uma falha da igreja de hoje, porque desenvolveu-se um espírito que já não faz-se distinção entre estar num shopping e estar num templo. Aliás os templos de hoje já não são mais construídos para estimular a reverência e o temor nas pessoas. Quem sabe esta seja uma contribuição para que se entrem nos templos da mesma forma como se entram num hipermercado.
Mas a santidade presente na igreja daquele tempo tinha também o aspecto individual, quando cada cristão se responsabilizava por guardar-se para o Senhor, observando individualmente seus preceitos. É dito que a igreja avançava (caminhava) em santidade. Será que com tantos atrativos que trouxeram mudança social significava hoje, como a internet, as descobertas científicas, etc., não temos, sistematicamente, nos afastado da santidade? Tenho uma impressão que o crente que adentra ao templo com a mesma conduta (postura) com que vai a outros locais de acessos sociais, é o mesmo crente que já não mais cuida de sua santidade pessoal.
Eis aí o desafio para o igreja de hoje... a igreja caminhava no temor do Senhor.
"e, no conforto do Espírito Santo"
4 - Conforto do Espírito Santo
Com a constante presença do Espírito Santo que, cumprindo a ordem de Cristo que, mandaria o consolador (parácleto) os irmãos mantém uma disposição de coragem diante do sofrimento. O conforto do Espírito era parte da realização especial do ministério do Espírito Santo. Qual o crente de hoje que se mantém corajoso a ponto de se opor ao projeto de lei da criminalização da homofobia? Sustentar biblicamente que o homossexualismo e lesbianismo são aberrações da vontade de Deus para o convívio e para as relações sociais? Crentes revestidos do poder do Espírito são capazes de manter uma postura bíblica, mesmo diante de tão grande pressão social que se avoluma, girando em torno 10% da sociedade brasileira que se declara a favor ou praticante do homossexualismo.
Apenas o conforto do Espírito é capaz de nutrir em nós a coragem para viver e morrer pelo cristianismo.
"a igreja... crescia em número"
5 - CRESCIMENTO
Lucas registra o crescimento da igreja como um fato social. Parece que o crescimento numérico da igreja era uma das razões que justificavam suas pesquisas e registros acurados. Por evidência interna podemos ver sua preocupação com o crescimento por que ele registra em Atos 1. 15 o núcleo da Igreja composto de 120 pessoas; em 2. 41 ele registra 3000 convertidos e, em 4. 4 são mais de 5000 somados à igreja totalizando um número de mais de 8000 convertidos.
Concluindo, manifestamos que o crescimento se dará a partir de uma identidade autêntica da Igreja. Em outras palavras, o crescimento é do interior para o exterior. Técnicas, regras de mercado e marketing, tendências da população (ações a partir do exterior) serão inúteis para o crescimento que só Deus pode dar à sua Igreja.
Enquanto não nos preocuparmos com a manutenção da paz (harmonia), edificação (força), santidade (temor reverente particular e público) e com o conforto do Espírito (coragem para buscar uma vida plena do Espírito e para o ânimo mútuo); não veremos o crescimento que vem de Deus, ainda que vejamos um inchaço (que é sinal de doença) produzido pelo artifício humano em muitas comunidades ditas cristãs. Em outras palavras, temos aqui a verdadeira identidade bíblica do crescimento.

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