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quarta-feira, 26 de março de 2008

CRIADOS EM CRISTO JESUS PARA AS BOAS OBRAS
Aqueles que lêem e acompanham freqüentemente as matérias que têm sido postadas neste blog, perceberam que, como fundamento da salvação, as obras não tem qualquer utilidade. O princípio lógico e bíblico nos convence de que obras exclui graça. Ou seja, a graça não pode operar se o fundamento da salvação é aquilo que faço. Se Jesus desviou a ira de Deus, fazendo ele mesmo obra por nós, qual sentido encontro em fazer boas obras para adquirir salvação? Qualquer base para vanglória cai completamente porque (Rm 3. 27; 4. 5; 1 Co 1. 31) a salvação é um ato unilateral e monergístico de Deus. Implica em que a salvação, começo, meio e fim é de sua autoria exclusiva na inter-relação entre as pessoas da trindade.

P
or outro lado, Jesus disse: "Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15. 5). O princípio aqui é: 1. Permanecer em Cristo. Isto implica que nossas obras são contínuas, além de serem válidas apenas se já somos de Cristo. 2. Ele permanentemente vivendo em nós. Implica em que Cristo, tendo adquirido a vida eterna aos seus eleitos antes dos tempos eternos (2 Tm 1. 9; Tt 1. 2), passa a viver no crente através da terceira pessoa da trindade. Então, tendo destacado que Cristo está em nós e que temos plena convicção de que estamos nele, nossas obras se tornam boas obras feitas em Cristo. Por isso, elas são aceitas apenas se feitas através de sua pessoa vivendo em nós. Esta consideração é de extrema importância, a fim de que todos saibam que uma tal bondade nata em nada soma ao propósito de salvação de Deus, além desta tal bondade (intuito fidei) soar a Deus como trapo imundo (Is 64. 6). Mas o ponto em destaque é: Quem está em Cristo produz muito fruto. O genuíno fruto cristão só pode ser evidenciado através de suas obras. Ora, se o ramo está em Cristo, é inevitável que os frutos sejam resultados do caráter de Cristo, assim como, se o ramo da videira se liga genuinamente e estritamente a ela, é de se esperar muita uva. Assim como da videira esperamos uva, do cristão esperamos uma vida semelhante a que Cristo viveu, cujos frutos do Espírito são os resultados mais imediatos (Gl 5. 22-23).

Paulo diz: "Por que somos obra de suas mãos, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que andássemos nelas" (Ef 2. 10). A Ele devemos tudo o que temos e somos e, até mesmo a finalidade da vida após a conversão é indicada por Ele. Ou seja, quanto à maneira como devemos viver, uma vez feitos à imagem de Deus, inclui também as obras que devemos fazer. Então tais obras são esperadas de nós. Deus nos criou para sua glória e as boas obras refletem sua glória em nós. Isto porque, produzir bons frutos e andar nas boas obras são sinônimos. Por isso Jesus requer de nós abundância de frutos (Jo 15. 2; 5; 8). Exatamente pelo fato de nossas obras serem aceitas em Cristo somente, fica evidente que Deus é glorificado através delas, por isso é dito "sem mim nada podeis fazer" (Jo 15. 5). Não deve ser motivo de orgulho quando brilhamos (Mt 5. 16; Fp 2. 15) no âmbito social ou espiritual, refletindo a imagem de Cristo, posto que é nele que nossas obras são efetuadas e que por nós mesmos, e de nós mesmos nada temos.

Num sentido amplo é claro que a falta das boas obras na vida cristã cai no antinomismo, ao mesmo tempo que uma visão distorcida do lugar das obras na vida, cai no legalismo (arminianismo moderno). Antinomismo é aquela cosmovisão de que o amor não segue regras. É a exclusão das regras em detrimento do amor. Mas o antinomismo é uma doença teológica que reflete a falta da compreensão do todo da Escritura, porque as regras instituídas por Deus, são a base da operação do amor. Não existe amor onde a obediência (ou submissão) não é levada em conta. Mesmo no jardim do Éden anterior à queda, a comunicação vital entre Deus e o casal Adão e Eva, era feita numa base normativa (Gn 3. 3). Portanto, por trás das regras, estava seu autor, cuja obediência numa base de amor deveria ser correspondido. Por isso, o caráter santo e imutável de Deus requer não apenas a propositura de regras, mas ainda regras como reflexos do seu caráter moral e santo. Estas prescrições são imutáveis como o caráter do Deus que as criou. Foi Ele quem estabeleceu de antemão as obras como regras que medem a extenção e a validade do nosso amor a Ele e ao próximo.

De maneira nenhuma, podemos deixar de considerar que as boas obras são instrumento poderoso de evangelização. Não que as boas obras substituam ou diminuam a eficácia da obra expiatória de Cristo, não! Mas o impacto que uma ação (tanto de testemunho autêntico, que se relaciona à nossa conduta ética; quanto de uma ação humana e cristã envolvendo amigos, vizinhos, etc.), causa vai funcionar como um gancho para a abertura de ouvidos, mentes e corações para semear a semente santa, ficando o germinar por conta da operação do Espírito (Mc 4. 20). Por que as pessoas se importam muito mais com aquilo que fazemos do que com aquilo que dizemos e, ainda que o que fazemos seja produto do que dizemos; levemos as duas coisas sempre em pé de igualdade e importância, nunca deixando o dizer entrar em contradição com o fazer e vice-versa.

Concluímos, mencionamento que as boas obras são o atestado que provam o nível de nosso comprometimento e comunhão com Deus, porque a fé sem as obras é morta (Tg 2. 17).