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sexta-feira, 4 de abril de 2008

A PAROUSIA, O JULGAMENTO E AS BOAS OBRAS

"O amor, em suma, é aquele
ato deliberado de dar-se a si mesmo pelo outro, de forma que a outra pessoa
alcance satisfação numa base constante. O amor dá; a mais rica recompensa para
ele vem quando o objeto dessa afeição corresponde à dádiva do próprio ser (...)
O aposto do amor é indiferença e não ódio” (Ed Wheat e Gaye Wheat, Sexo
no Casamento, Mundo Cristão, 1996,
p.33).

As palavras ditas pelo casal de médicos Ed e Gaye Wheat são a mais perfeita expressão do amor. Curiosa é a conclusão de que o oposto do amor não é, necessariamente, ódio; mas indiferença. Neste sentido, quantos amamos, à luz desta definição? Quão indiferente nos tornamos num mundo em que os bens de consumo se tornaram a maior fonte de busca da população? Em meio a tantas injustiças sócio-política, quantas vezes somos oprimidos na ajuda ao próximo, temendo atuar como tolos, quando o governo, debochadamente negligencia seu ofício? Àqueles que alcançaram a fonte de águas vivas e se tornaram novas criaturas, a mensagem de Jesus aparece como um alerta.

O texto diz assim: "Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda; então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me. E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos? Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. 46 E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna." (Mateus 25. 31-46).

Claramente vemos que o contexto aqui é de julgamento (parousia). As parábolas antecedentes ao texto são as das cinco moças insensatas e das cinco prudentes e a parábola dos talentos. Elas formam o contexto no qual Jesus proferiu sua mensagem escatológica do julgamento de todos os povos. Em ambas temos uma mensagem central: É preciso se preparar para a volta de Cristo, porque vai chagar o dia em que isso não mais será possível. Na parábola das cinco loucas e das cinco prudentes se destaca a necessidade de preparo, enquanto que na dos talentos a ênfase recai sobre a negligência, diante das oportunidades de fazer um talento render lucros e a recompensa para aqueles que trouxeram o lucro do potencial inicial investido.

Diante deste contexto, focamos nossa atenção no texto principal (Mateus 25. 31-46). Nele Jesus chama a atenção do seu povo quanto ao método de execução do julgamento de Deus, no último dia. Naquele dia primeirmamente seremos reunidos e, então haverá separação entre ovelhas e bodes. Uns irão para a direita, outros para a esquerda. Toda raça humana aparecerá diante dele. Aos seus eleitos que, tendo sido alcançados pela graça será dito: "Venham, benditos de meu pai, recebam por herança o reino que lhe foi preparado desde a fundação do mundo" (v. 34). Mas porque foram selecionados para as bodas? Em seguida Jesus responde: "Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes, preso e fostes ver-me". O que é isto, senão boas obras? Certamente, esta será a base sob a qual seremos julgados.

Aos bodes será dito: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (v. 41). A razão para tal reprovação vem logo em seguida e, como foi dito às ovelhas, foi falado também aos bodes, mas de forma negativa. Então a base para a condenação aqui foi a omissão em fazer o bem ao próximo.

Para suas ovelhas as palavras são de aproximação e identificação com seus ideais eternos. Mas aos bodes (os que foram colocados à esquerda), as palavras são de separação e morte. Veja como será este castigo:
1. Separação (apartai-vos de mim, malditos);
2. Associação (preparado para o diabo e seus anjos);
3. Fogo (para o fogo eterno.... que é símbolo de destruição);
4. Em acréscimo também se fala das trevas distantes.
Embora conhecessem as exigências de Deus, estes tais negligenciaram todos seus preceitos. Se tornaram indiferentes aos mandamentos e, com isso, em vez de ajudar o próximo, passaram a atrapalhar com sua falta de ação ou discriminação.

Todo bem que fazemos a um pequenino, a Jesus o fazemos. Notemos que a referência aos pequeninos refere-se aos nossos irmãos na fé, embora o mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas e, ao próximo como nós mesmos (Lv 19. 18) se amplie atingindo a todos as pessoas indistintamente.

O Senhor jamais deixará impune nossa falta de amor ao próximo. Fiquemos alertas porque a base para o julgamento será nossas obras. Esta é a preocupação de Jesus, enquanto mostra aos seus discípulos estas verdades do reino de Deus. Por isso nossas obras autenticam nossa fé. Neste sentido tem sido difícil achar os que fazem o bem sem a intenção de autopromoção, porque a fé tem diminuído sobremaneira enquanto chegamos ao final desta ordem atual de coisas e nos aproximamos da parousia?

É a falta de amor que tem tornado muitos em assassinos silenciosos, pois o contrário do amor é a indiferença. Por isso João diz: "Quem não ama permanece na morte. Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem a vida eterna em si mesma" (1 João 3. 14-15). Segundo a ótica de João, a indiferença já é um partido assumido em favor do crime, porque quem não ama, odeia e; quem odeia é assassino. Não há meio termo. Ou amamos, ou odiamos. Esta conclusão de João se cobre de uma seriedade tal, a ponto de nos inquietarmos com tanta indiferença (ódio) aos problemas nossos próximos.

Em conclusão, poderemos passar impunes à nossa frieza espiritual e humanitária quanto a Deus e ao próximo nesta vida, mas não escaparemos (uma vez que ignoramos o sofrimento do próximo feito à imagem de Deus) ao juízo final. Basicamente esta é a mensagem de Jesus neste texto trabalhado hoje. Qual tem sido seu envolvimento com o próximo? Como o levita e o sacerdote na parábola do bom samaritano, você tem visto a necessidade e passado de largo? Se a resposta é positiva, avalie a autenticidade de sua religiosidade, pois se ela não se integra à comunhão prática com Deus e amor ao próximo, então ela deve ser questionada.