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Prazer em tê-lo aqui. Este blog foi criado para refletir, expor, descrever e avaliar a ação da Igreja nos temas da responsabilidade social e a evangelização na igreja de hoje, usando como pano de fundo os princípios de Lausanne (1974). É nosso alvo expressar em palavras e ações o lema do Pacto de Lausanne do evangelho para todo homem e para o homem todo.
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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A IGREJA E A RESPONSABILIDADE SOCIAL
Qual a finalidade da ação da igreja na sociedade? Esta é a pergunta pertinente à razão da existência deste blog. Esperamos promover um diálogo construtivo e perene a respeito deste assunto. Os dois grandes temas: evangelização e responsabilidade social, foram as causas da reunião de mais de quatro mil líderes cristãos congregados em Lausanne, na Suíça em 1974. Embora, em termos de evangelização, a ação da igreja sob o século XXI ainda seja pequena, é de se pensar que grandes conflitos teológicos e práticos já estão superados. Ainda temos dificuldades com a praxes propriamente dita. No que concerne a ação social permanece atual os grandes questionamentos, a ponto de se criar as mais variadas culturas religiosas em torno desta questão no Brasil.

É mesmo, da responsabilidade da Igreja discutir e promover uma agenda visando acudir as necessidades sociais do indivíduo em plena sociedade capitalista, exclusivista e egoísta? Temos alguma parcela de dever quando se fala em parcerias com o poder público, no intento de uma sociedade mais justa, igualitária, cidadã e cristã?
Qual mesmo, é a cosmovisão bíblica neste tocante? E em termos históricos, podemos contar com os relatos de alguma religião cristã que obteve sucesso e aprovação política na tentativa de uma sociedade mais justa?

Discutir questões referentes a ação social da Igreja vai muito além de mera e simplesmente praticar (sem que haja uma reflexão e noções claras sobre motivos bíblicos e teológicos) entrega de cestas básicas, ou compra de remédios controlados para pessoas com depressão que, inclusive escapam aos cuidados das igrejas modernas.

Será preciso trabalhar bem este assunto. Creio que este blog visa este tipo de comunicação. Para se ter um idéia, não raro se vê extremos na prática eclesiástica brasileira. Nos meios eclesiáticos das igrejas históricas, quem não se lembra de alguma pitada de ditadura quando o regime militar estava em evidência na mordaçada política brasileira dos anos 60? Quando o pentecostalismo apareceu na década de sessenta, pouco se falava em dons do Espírito, batismo no Espírito, visões, revelações, etc.; mas à medida que avançou o crescimento do pentecostalismo dos anos sessenta em diante, e do neo-pentecostalismo a partir da década de setenta, as igrejas históricas começaram a rever suas opiniões e posturas éticas em relação à pneumatologia. Houve mudança substancial da pneumatologia calvinista? Nem é tanto este o caso, mas com certeza, houve profundas mudanças em relação ao modo como se tratava os conflitos em torno de pessoas com práticas diferentes das confessionais.
Em termos de sua postura social, a igreja também sofreu mudanças; ora para um extremo, ora para outro. Quem não se lembra da teologia da libertação, Leonardo Boff e da teologia da prosperidade? Como reagimos? O reacionismo, quando não bem elaborado à luz da Bíblia e do sistema confessional que adotamos e, além disso de uma hermenêutica bíblica equilibrada, segundo a coerência a que se propõe o método histórico-grmatical, pode ser um extremo tão prejudicial e herético quanto os extremos adotados pelos que seguem a prática do moldar um nariz de cera em termos hermenêuticos.

No Brasil enfrentamos dificuldades comuns a todo reduto cristão, no que refere à àrea de uma atuação responsável da igreja na sociedade. Sem pensar que o assunto Responsabilidade Social da Igreja, abrange uma gama complexa de posturas políticas, éticas, teológicas e sociológicas. Politicamente corremos o risco do envolvimento com o poder público. Então se pergunta: A igreja está preparada e, além disso, é papel da Igreja, implantar o lobby nas estrututas estatais de governo, a fim de que sua agenda seja atendida? E fora da esfera do governo, a Igreja teria alguma força para implantar projetos de grande alcance contribuindo para a diminuição da delinquência e da miséria?

Na história, a expressão da fé calvinista foi de tal atuação, a ponto da ética de um povo levar o eminente sociólogo alemão Max Weber elaborar estudos levantando as causas da riqueza do povo inglês e, posteriormente, do povo americano. Foi inevitável a tese weberiana de que a ética protestante que gerou a riqueza de um povo passou pelos simples, mas sólidos valores da economia, poupança e parcimônia na conduta puritana do século XVII e XVIII.

Como se pudéssemos vencer uma utopia, aprouvera Deus surgissem políticos e sociólogos cristãos com o ethos capaz de mudar uma geração e, até mesmo um continente, imprimindo a prática da ação cotidiana do amor ao próximo que vai além de uma milha, percorrendo hospitais, agências de emprego, indústrias, etc., na tentativa de resgatar o homem e recuperá-lo ajudando a oferecer o melhor que temos, visando o indivíduo no seu todo, embora estejamos conscientes de que apenas a generação, como obra da graça soberana, é capaz de recuperá-lo em todos âmbitos da vida.

Ademais, cabe a pergunta: Qual a finalidade da Igreja? Estritamente a igreja cumpre sua função, primeiramente na sua natureza institucional expressa em sua constituição: "A igreja (...) tem por fim prestar culto a Deus, em espírito e verdade, pregar o evangelho, batizar os conversos, seus filhos e menores sob sua guarda, e ensinar os fiéis a guardar a doutrina e prática das Escrituras do Antigo e Novo Testamentos, na sua pureza e integridade, bem como promover a aplicação dos princípios de fraternidade cristã e o crescimento de seus membros na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo" (Segundo artigo da CI/IPB). A igreja atinge sua natureza se ela 1. Cultua, 2. Prega o evangelho, 3. Recepciona seus membros, 3. Ensina os fiéis, 4. Oferece estrutura ética, 5. Promove a fraternidade e 6. Promove o crescimento. Embora não sendo esta a sua única função, o ponto 5 "Promover a fraternidade" deve aguçar nosso pensamento, reflexão e ação. Lembro-me de alguém que sempre dizia: "Corpo sem alma é defunto; alma sem corpo é fantasta e Jesus não está interessado em nenhum dos dois". Diria que Jesus, como Senhor da Igreja e do cosmos, está interessado na plenitude da vida humana, pois escatologicamente, nos asseguramos de que o indivíduo não é ser humano se não se constitui de corpo e alma. Deus tanto tem interesse no homem na sua plenitude que o todo da Escritura nos mostra que viveremos o novo céu e a nova terra neste mesmo corpo que, sendo hoje corruptível; será plenamente transformado, mas seremos nós mesmos, plenamente homem e homem pleno. Implica em que hoje o homem precisa de atenção na plenitude de suas necessidades e não apenas somente na alma, ou somente no corpo.

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